segunda-feira, 30 de julho de 2012

Somente Cristo Justifica - Agostinho de Hipona

 Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1

A observação de Agostinho sobre a justificação é uma das mais importantes
citações sobre o assunto antes do movimento da Reforma.

“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida” (Rm 5.18). Essa “uma só ofensa”, se somos tendentes à “imitação”, pode ser apenas a ofensa do diabo.

Visto que, contudo, isso é manifestamente falado em referência a Adão, e não
ao diabo, segue-se que não temos nenhuma outra alternativa, senão entender que o princípio da propagação natural, e não aquele da imitação, está aqui implícito. [XIV.] Ora, quando ele diz em referência a Cristo, “um só ato de justiça”, ele tem declarado mais expressamente nossa doutrina do que se dissesse, “um só ato de retidão”; porquanto ele menciona aquela justiça pela qual Cristo justifica o ímpio, e a qual não propôs como um objeto de imitação, pois ele somente é capaz de efetuar isso. Ora, era absolutamente apropriado o apóstolo dizer, e diz   corretamente: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1); mas ele nunca poderia dizer:   “Sede meus justificados, como também eu sou por Cristo”; – visto que pode existir, e de fato realmente existem e têm existido, muitos que eram retos e dignos de imitação; mas ninguém é justo e um justificador, mas Cristo somente. Portanto, está dito: “Mas, àquele que… crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça” (Rm 4.5). Ora, se algum homemtivesse em seu poder confiantemente declarado, “eu te justifico”, segue-senecessariamente que ele poderia dizer também, “creia em mim”. Mas nunca esteve no poder de nenhum dos santos de Deus dizer isso, exceto o Santo dos santos, que disse: “Credes em Deus, crede também em mim” (Jo 14.1); de forma que, visto que é ele quem justifica o ímpio, ao homem que crê naquele que justifica o ímpio, sua fé é contada como justiça”.

Fonte: Saint Augustine's Anti-Pelagian Works, A Treatise on the Merits and Forgiveness of Sins and on the Bap, Book 1, Chapter 18.

  Traduzido em janeiro/2009.

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